1.11.11

Homenagem

Dizem que finjo ou minto
Eu simplesmente sinto
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
... E a minha vida é toda uma oração e uma missa.
No teu vestido franjado de Infinito.
Cujos frutos são so sonhos que afagamos e amamos.
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Não, não estou para mais; não quero mesmo brinquedos.
P´ra quê? Até se mos dessem não saberia brincar...
Há uns sinais dentro da minha cabeça, como os sinais do Egípcio, como os sinais do Fenício. Os sinais destes já têm antecedentes e eu ainda vou para a vida.
O meu desejo não arde;
A névoa da noite cai.
(A nau voltou a Belém, e eu, felizmente, estou bem!)
O mundo não se modifica.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
E a mesma porta fechada
Do lado de cada estrada,
Corre água, tempo e pus no sangue quente;
E não o que a alma tíbia só deseja.
- Quem acendeu as luzes em pleno dia?
E havia um cristal no vento
E havia um cristal no mar
Ali, no esconso recanto,
só o túmulo, e mais nada
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
É como um eco
de noites mortas
Não sei se é o calor das algas
Se é o bafo da areia que baila
Tangendo violas e bandolins
Tocando a marcha Almadanim
Se a vida é curta e a morte infinita
Despertemos e vamos
Os afogados do Verão
Os que o Inverno gelou
Desterrado,
Desterrado prossigo.